Vou comprar uma criança pra ver se sou feliz
E vou deixá-la toda livre pra dançar
Se for uma menina talvez vire dançarina
Juliana ela vai dançar no seu lugar
Mas já vi que o meu apartamento é pequeno
E sinuoso demais.
Já sei, amanhã vou procurar um novo.
Lá na Amaral Peixoto!
“Hoje eu nem li o jornal, acordei as seis e isso é tão natural.
A vida segue mesmo sem você estar.
Vidraças quebradas, bombas de gás e Ana não voltou do mar.
Poesia, café e rosas misturadas com decepção.
Tantos gritos, alguns gestos, tanto faz. Eu já não quero nada.
Rabisco algumas palavras e não vou mostrar pra ninguém.
A gaveta está cheia de meias, algumas máscaras, mas não tem emoção.
Jogo tudo pela janela, com alguma sorte meu obituário vai passar na televisão.”
E tudo cresce até eu descobrir que sou só, só mais um a chorar.